No fim de Novembro um visitante ao ver algumas postagens contendo o uso de biomateriais como substitutos ósseos particulados perguntou "Qual o biomaterial de escolha para utilização em reparos junto a instalação de implantes? "
Realmente existem muitas opções tanto nacionais quanto importadas. Em geral sempre costumo afirmar em aulas que as indicações devem ser precisas. É importante se conhecer bem as propriedades de cada produto para que seja possível indicar o melhor produto para cada caso especificamente. Isto significa que apenas ler a bula do produto não é suficiente. Devemos sempre consultar a literatura científica e verificar os resultados de estudos clínicos controlados e com o maior tempo possível de proservação.
Isso pode ser difícil para muitos clínicos devido a correria do dia a dia, no entanto, podemos seguir alguns princípios. Quando o interesse é usar algum biomaterial importado, é preciso verificar se ele tem registro na ANVISA, caso a resposta seja negativa, seu uso é contra indicado, pois qualquer problema oriundo de seu uso, o deixará desamparado perante a lei.
Infelizmente os produtos nacionais, a maior parte deles, estão em evolução e ainda não são concorrentes a altura de produtos importados que já apresentam anos de estudos e uso clínico.
Como substituto ósseos, temos hidroxiapatitas, vidros bioativos, fosfato tricálcico e misturas contendo um ou mais destas substâncias. Podem ser sintéticos, de origem suína, bovina ou equína. Uma característica importante é a porosidade do produto e tamanho das partículas, pois elas determinam a quantidade de material que será usado, de acordo com o tamanho do efeito e também a neoformação óssea.
Costumo sempre preferir para o tratamento de defeitos em implantes, produtos com partículas pequenas e com a maior porosidade possível, para permitir maior área de contato para a formação óssea.
No passado era indicado o uso de produtos que pudessem ser absorvidos rapidamente, acreditando que isso permitira a substituição do produto por novo osso. Atualmente já se sabe que a substituição não ocorre perfeitamente assim, ou seja, a velocidade em que o produto é substituído não é a mesma em que o novo osso é formado.
Assim frequentemente ocorre perda de volume e de altura, prejudicando os resultados. Desta forma o uso de hidroxiapatitas tem ganhado muita força, amparada em pesquisas que mostram que elas demoram mais de 10 anos para serem absorvidas, sendo consideradas por alguns pesquisadores como parcialmente absorvíveis. Assim este biomaterial seria capaz de manter o volume por demorar para ser substituído e permitira que novo osso se formasse entre suas partículas. Por isso é importante que o material seja o mais poroso possível.
É importante salientar que sempre que um substituto ósseo for empregado deve ser empregada alguma membrana seja ela absorvível ou não absorvível. Caso faça opção por alguma absorvível é importante verificar o tempo de absorção da mesma, prefira sempre aquelas que permanecem integras por no mínimo 4 meses para que seja possível ocorrer a regeneração óssea.
Talvez eu não tenha conseguido respoder a pergunta do visitante, uma pena, espero não ter confundido mais ainda. Minha opinião é amparada na literatura que consulto, sei que minha opinião provavelmente será divergente da opinião de muitos colegas, por isso, mantenho o blog aberto para as sugestões e até mesmo para aqueles que quiserem fazer postagens com usas opiniões ou críticas.
Provavelmente a parte mais importante desta postagem vem só no final, ou seja, não existe um biomaterial que seja absoluto, ou que seja indicado para todas as ocasiões, todos apresentam indicações precisas e características diferentes, além disso, seu uso também depende da opinião, pesquisa e treinamento de cada usuário.
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