Muitas vezes na periodontia e na ciência em geral, existem conceitos, que são amplamente aplicados, mas que não apresentam pesquisas que possam comprovar tal hipótese. Nossas decisões devem ser amparadas por pesquisas e experiência, para que possamos justificar a conduta clínica adotada, objetivando previsibildiade no tratamento proposto.
Hoje faço a indicação de um artigo sugerido pelo meu amigo Eduardo Muncinelli, a idéia deste artigo, embora possa parecer simples, realmente é muito importante e interessante para a periodontia. Partamos da seguinte questão: O que é melhor para Os enxertos de tecido conjuntivo, ser inseridos sob um retalho total ou parcial? Veja o resumo clicando na imagem abaixo.
Desde 1985 quando Langer publicou o uso de enxerto de tecido conjuntivo aplicado subeptelial, já foi preconizado o uso de um retalho parcial. Atualmente existem professores no Brasil e fora dele que afirmam que não existe benefício no uso do retalho parcial para tal aplicação. No entanto até o momento nenhum artigo havia mostrado qualquer resultado sobre ess temática.
Nesta pesquisa 20 pacientes com retrações gengivais classe I ou II de Miller, em dentes não molares e com altura inferior a 4mm foram selecionados.
Os pacientes receberam de um lado retalho tipo envelope, sem incisões relaxantes, do tipo total e do outro lado o mesmo retalho no entanto parcial.
Grupo controle
A média de recobrimento radicular foi de 97% para o grupo teste e 95% para o grupo controle (p=0,67). O estudo apresentou poder de 80% para detectar 0,3mm de diferença entre as médias da variável altura de retração. Os autores sugerem que não o uso de retalho parcial ou total não influi no resultado final quando enxerto de tecido conjuntivo é utilizado no recobrimento radicular.
Grupo teste
Embora o artigo seja muito interessante e ao meu ver uma ótima contribuição à periodontia, é importante levar em consideração que as retrações todas em altura foram inferiores a 4mm, e na tabela a média é informada no baseline como 1,77 e 0,77 de desvio padrão para o grupo controle e 2,36 com desvio de 1,26 para o grupo teste. São valores muito baixos, que podem não ser suficientes para detectar um padrão de resultado para retrações maiores.
A maior crítica ao trabalho é que em nenhum momento foi feita medida da espessura dos retalhos no baseline nem após a elevação do retalho, pois é uma variável que influi intensamente sobre o resultado do recobrimento. Trabalhos futuros que possam analisar estes detalhes poderão confirmar e talvez mudar a conduta clínica diária.