No passado, as restaurações totalmente metálicas e as de recobrimento plástico (metalo-plásticas) foram, paulatinamente, dando lugar à prótese convencional (metalocerâmica), no que se refere a coroas e próteses parciais fixas. Isto ocorreu basicamente ao amplo espectro de aplicações clínicas e a melhora estética em relação as próteses convencionais até então. Esta substituição foi comprovada ao longo prazo tendo relatos clínicos de 35 anos de sucesso em função no meio bucal.
No dia a dia, contudo, estes tipos de próteses também apresentam carências ou pontos fracos típicos, atribuídos a problemas estéticos e perio-protéticos como: cinta metálica visível; estética limitada pela desfavorável condução de luz; retração gengival associada à oxidação dos bordos metálicos e inflamação gengival alergênica pela presença de Níquel e Berílio em algumas ligas. Além desses fatores, podem ser citadas a corrosão e intolerância aos metais, provocadas por multiplicidade desnecessária e seleções equivocadas de ligas, a qualidade insuficiente das ligas, os defeitos de manipulação protética e de soldaduras e a má higiene bucal.
Nos últimos anos têm se observado uma grande mudança na valorização subjetiva dos pacientes em relação a estas carências potenciais. Isso se deve fundamentalmente às maiores exigências estéticas e de compatibilidade impostas aos materiais utilizados. As carências descritas nas próteses metálicas e métalo-cerâmicas
Poderiam ser reparadas com as restaurações livres de metal, fabricadas exclusivamente com materiais cerâmicos, obtendo-se melhoria do ponto de vista estético e alta biocompatibilidade. Por este motivo, há algum tempo novas tecnologias dentais têm experimenta do um contínuo desenvolvimento.
Apesar disso, nenhuma delas chegou a se impor realmente, por problemas principalmente das próteses cerâmicas livres de metal – a falta de resistência mecânica – continuou sem solução. Elas apresentam relativa baixa tenacidade à fratura em comparação com as ligas metálicas e nem sempre podem ser aderidas adesivamente as estruturas dentárias, pois dependem de fatores como o substrato a ser aderido e a cerâmica utilizada não deve ser ácido resistente. Portanto os materiais a base de zircônia têm sido mais uma opção e vem sendo empregados ultimamente na Odontologia devido às seguintes características:
• Elevadas propriedades mecânicas
• Baixa condutividade térmica
• Elevada resistência à corrosão
• Estabilidade em altas temperaturas
• Coeficiente de expansão térmica semelhante à das ligas de aço.
Este material é usado rotineiramente em Engenharia para a confecção de ferramentas De cor te, refratários, abrasivos, opacificadores e outros materiais estruturais, sendo mais recentemente utilizadas na confecção de sensores de oxigênio, células de combustão e recobrimentos térmicos; na Medicina o seu emprego maior é na confecção de próteses ortopédicas.
Na Odontologia é utilizado como agente opacificador, como reforço mecânico em porcelanas feldspáticas, material para fabricação de implantes dentários e núcleos intrarradiculares, subestruturas para prótese sobre implantes, para a confecção de “brackets” ortodônticos e como elemento principal na confecção de subestruturas de próteses odontológicas, que necessitam grandes solicitações mecânicas. Investigações recentes com a Zircônia como biomaterial focam-se na cerâmica de Zircônia-Ítrio, caracterizada por microestruturas de granulação fina, conhecidas por Policristais de Zircônia Tetragonais (TZP – Tetragonal Zirconia Polycristals) e são uma excelente opção, principalmente devido à sua elevada resistência mecânica e elevada tenacidade à fratura.
Uma das características da zircônia que a torna um biomaterial com resistência mecânica superior as outras cerâmicas é o fenômeno de reforço através da transformação de fase. Ele foi descoberto pelo especialista britânico em termo dinâmica R.C. Garvie (“Ceramic Steel?” Nature 1975).
Sua investigação proporcionou as condições necessárias para a obtenção de zircônia com excelentes propriedades mecânicas. Quando é aplicada pressão a uma restauração dentária em zircônia, a propagação de fendas é diminuída e até impedida graças às características do material. Durante a formação de uma fenda, a fase tetragonal transforma-se na respectiva fase monoclínica, aumentando o volume dos materiais na etapa crucial da formação da fenda. À medida que o material incha, a tensão interna resultante da compressão é sobreposta no ponto crucial da fratura, fornecendo resistência e, consequentemente, preservando a integridade do material.
O Y-TZP-Zircônia apresenta esta propriedade física exclusiva denominada “robustecimento de transformação” como visto na figura. E de acordo com as investigações efetuadas, a zircônia é a única solução viável para uma ponte totalmente cerâmica, mesmo na região posterior. Contudo; trabalhos recentes têm mostrados índices de falhas em torno de 15% ao longo de dois anos de uso para fixas posteriores sendo as maiores falhas atribuídas ao lascamento da porcelana de cobertura sobre a infraestrutura em zircônia. Especulam-se como causa desta falha, alguns fatores como: Força de união insuficiente entre a infraestrutura e a porcelana de revestimento; Stress tensional excessivo durante o resfriamento da porcelana de cobertura; Contato prematuro que leva a tensões excessivas e resultando na falha do material. Por s e r um material relativamente recente, existe uma curva de aprendizado que levará algum tempo para contemplar-se, principalmente se levarmos em consideração as expectativas deste material em substituição aos metais.
Por tanto cautela na indicação é a palavra chave, pois os metais ainda são o padrão de ouro. Já com relação as outras cerâmicas existentes no mercado a zircônia tem se mostrado mais estável nas pesquisas como material de infra estrutura , o que tem feito dela o material de eleição para dentes posteriores em cerâmica pura.
Agradeço ao Prof Oscar Munhoz pela excelente matéria produzida e enviada ao blog. Muito sucesso prof Oscar!
Showww !!!
ResponderExcluirParabens ao Dr Oscar e ao blog pela postagem !!!!
Muito obrigado Alberto, o Dr Oscar e eu ficamos muito contentes com sua palavras. Obrigado pela visita.
ExcluirMuito boa postagem. Sou graduando de Odontologia e este é meu tema para tcc. Vou avaliar resistencia e adaptação das proteses metal-free. Gostaria de saber se os Drs. possuem algum tipo de material ou artigo que possa enriquecer a pesquisa. Parabens pelo blog. Att Marcelo
ExcluirCaro Marcelo agradeço sua participação, com certeza o Dr Oscar pode lhe apresentar mais artigos. Envie um email ao blog, assim passarei ao Dr Oscar para que ele possa estar em contato contigo. abraço
ExcluirInfelizmente o email que eu mandei não foi entregue, parece que não está correto. De qualquer forma, se puder auxiliar com algum artigo sobre o tema, meu email é marceloaas@globo.com
ResponderExcluirObrigado