Agradeço a colaboração do especialista e mestre em Periodontia pela Faculdade de Odontologia de Riberião Preto FORP USP - Umberto Demoner Ramos por sua colaboração abordando um tema recente e de grande interesse para a medicina e odontologia.
A terapia antibiótica vem sendo utilizada para infecções bacterianas desde a descoberta da penicilina, por Alexander Flemming 1928. A Doença Periodontal, por se tratar de uma enfermidade inflamatória polimicrobiana que acomete o tecido periodontal de suporte tem como estratégia, em muitos casos, a utilização de antimicrobianos sistêmicos e locais.
Alguns exemplos em que a literatura tem indicado a utilização de antibióticos sistêmico é o tratamento periodontal em pacientes diabéticos tipo II descontrolados, com o uso da doxiciclina (O´Connel et al., 2008) e a associação amoxicilina e metronidazol para o tratamento de periodontite agressiva generalizada (Heller et al., 2011).
Um grande problema hoje em dia, porém, é que, com o uso indiscriminado de antimicrobianos, tanto na medicina como na odontologia, tem-se encontrado cada vez mais cepas de bactérias resistentes aos antibióticos comumente utilizados: Link1. A resistência bacteriana pode ocorrer por diferentes vias.
O primeiro relato do tratamento fotodinâmico data de quase 100 anos, quando Raab notou que a exposição de paramécios à luz e na presença do corante acridina era letal para os mesmos. Este achado, porém, foi ofuscado pela descoberta da penicilina em 1928. Por isso, sua utilização se desenvolveu primariamente para a terapia do câncer.
Mais recentemente, as atenções têm se voltado na área da dermatologia e na odontologia. Na periodontia e implantodontia, tem sido utilizada como antimicrobiano local. A terapia fotodinâmica antimicrobiana (aPDT, TFDA) tem como princípio a utilização de um cromóforo, ou corante, aliado a uma fonte luminosa compatível com o mesmo. Essa compatibilidade se dá pelo comprimento de onda da fonte luminosa que deve ter, preferencialmente, o comprimento de onda (cor) responsável pelo pico de absorção do corante utilizado.
O corante, absorve a energia luminosa sendo, portanto, excitado a um estado mais energético denominado singleto. Nesse estado, podem ocorrer duas situações: o decaimento da molécula do corante ao estado estável com consequente liberação de energia luminosa, fenômeno denominado fluorescência; ou a absorção de mais energia pela molécula já excitada chamada conversão inter-sistemas formando uma molécula no estado tripleto, mais energético, mais estável que o estado singleto. Essa maior estabilidade permite à molécula reagir com biomoléculas entre outras reações químicas no meio, sendo o principal responsável pela ação fotodinâmica.
O corantes utilizados geralmente na odontologia são da família dos fenotiazínicos, porém, estudos tem sido realizados com novos corantes. Os corantes fenotiazínicos mais descritos na literatura, são o Azul de Toluidina e Azul de Metileno, ambos tem seu pico de absorção em comprimentos de onda responsáveis pela luz vermelha, 630nm e 660nm, respectivamente.
Existem algumas marcas comerciais para fins odontológicos constituindo, geralmente, azul de metileno em concentrações variadas como 0.01% e 0.005% ( Periowave e Chimilolux). Apesar de nos estudos in vitro e em animais predominar o uso dos Azuis de metileno e toluidina, na literatura clínica, predomina a utilização de um cloreto de fenotiazina, pertencente à mesma família, porém com formulação diferente, em uma concentração de 10mg/ml (10%).
Os resultados encontrados na literatura e as utilizações serão esclarecidas na próxima postagem.
Referências:
Heller D, Varela VM, Silva-Senem MX, Torres MC, Feres-Filho EJ, Colombo AP. Impact of systemic antimicrobials combined with anti-infective mechanical debridement on the microbiota of generalized aggressive periodontitis: a 6-month RCT. J Clin Periodontol. 2011 Apr;38(4):355-64
O’Connell, PAA, Taba Jr M., Nomizo A., Freitas MCF., Suaid FA., Uyemura SA., Trevisan GL., Novaes Jr AB., Souza SLS., Palioto DB., Grisi MFM. Effects of Periodontal Therapy on Glycemic Control and Inflammatory Markers. J Periodontol. 2008; 49: 774-783.
Aguardando o próximo post para compreender melhor a forma de emprego do corante e a luz utilizada.
ResponderExcluirAbçs
boa noite,
ResponderExcluirtentarei excrever o próximo post o mais breve possivel, tentarei mostrar a minha linha de raciocinio com alguns trabalhos que já li. já adianto que a luz utilizada geralmente é o laser vermelho, que tem o comprimento de onde de 660 nm.
deixarei meu e-mail a disposição: umbertodramos@gmail.com